Artista com uma presença que se destacou pela perspetiva feminina na forma como aborda a construção das imagens e consequentes discursos visuais, carateriza-se também pelo modo poético como utiliza a linguagem enquanto decorrência visual da sua prática concetual. Com um interesse muito particular pelo universo cinematográfico, o vídeo é para ela um meio privilegiado para subverter a relação com o real e para desconstruir narrativas pseudo-hegemónicas na nossa sociedade.

Realizado especificamente para o CAV, Dormência é um projeto que convida ao sussurro partilhado de imagens e palavras. É um diálogo íntimo e precioso a três: a artista, a obra e o espetador. Sempre foi e será assim. No entanto, porque aqui cuidadosamente orquestrada na especificidade particular do espaço, a relação é hipostasiada na sua dimensão quase sacralizada.

Quase? Mas que vínculo mais transcendental poderá haver do que uma relação entre uma mãe e uma filha? Tudo aqui é celebração. Da vida, da morte e dos intervalos que vamos conseguindo construir, mais ou menos acordados.